Os desdobramentos do rastafarianismo

Em 1954, a polícia acabou com o acampamento do elder Leonard Howell. Os policiais alegavam que os rastas estavam muito insatisfeitos por não conseguirem realizar seu desejo de voltar para a África, e estavam criando uma certa tensão na região. Com o fim do acampamento, a maioria dos integrantes se dirigiu para Kingston, a capital jamaicana. A industrialização do país também influenciou para que muitos negros, rastas ou não, saíssem do campo em direção à cidade.
Os bairros da periferia (como o de Trench Town,) crescem rápida e desordenadamente. Não há empregos para todos, e a tensão social chega a níveis insuportáveis. Muitos jovens se entregam à criminalidade, e passam a ser chamados de rude boys (em inglês, assim como em português, rude significa grosso, mal educado). Como muitos destes rude boys usavam dreadlocks, o preconceito contra os rastas, que já era grande devido ao consumo público da ganja, cresce injustificadamente. Às populações carentes, e especialmente aos rastas, restava a esperança de ganhar a vida através da arte. Muitos deles dedicaram-se à música.

É impressionante que um país pequeno como a Jamaica, cuja população não passa de 2,5 milhões de habitantes, tenha revelado uma quantidade tão grande de musicos, influenciando a música popular ao redor de todo o mundo. A música, principalmente o ska, nos anos 60, e o reggae, nas décadas seguintes, acabou sendo a grande divulgadora da filosofia rastafari, dentro e fora da Jamaica. Infelizmente, o movimento rastafari, talvez devido à sua complexidade, nunca foi muito entendido, mesmo na Jamaica (veja-se o exemplo dos rude boys). É comum encontrar pessoas que pouco conhecem sobre a cultura rasta ostentando enormes dreadlocks. Muitas vezes, suas atitudes acabam contribuindo para a manutenção do estereótipo segundo o qual os rastas são criminosos drogados. Mas a cultura rasta continua ganhando adeptos em todo o mundo, e está a cada dia mais sofisticada. A busca pelo conhecimento de nossas raízes, e, principalmente, a resistência aos valores superficiais incentivados pela sociedade de consumo, são grandes exemplos a ser seguidos por qualquer homem, seja ele negro ou não, rasta ou não.
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