Prelúdio à uma Teoria do Neo-Rastafarianismo:
O homem é um animal que se caracteriza por sua cultura. O ser humano não anda mais nu na floresta, e há muito tempo sua vida já é imersa em uma cultura, que pode ser definida bem mediocremente como tudo aquilo que é feito pelo próprio homem. Não é apenas a vida em sociedade que define a humanidade. As abelhas, as formigas, os suricatas, são também animais que vivem em sociedade, mas eles têm as suas atitudes regidas por funções geneticamente definidas. O ser humano é diferente, ele modifica as formas que a suas sociedades se organizam, se relacionam, se regem.
Uma dos conceitos fundamentais para a compreensão das relações que se dão na sociedade é o conceito de status.
Status é uma atribuição social que um individuo tem, em referencia aos outros indivíduos. Todas as características (físicas, econômicas, de personalidade, sexuais, etária, etc.), isoladas ou tomadas como um todo, servem para atribuir-lhe em status.
A atribuição de status a grupos de indivíduos requer uma estereotipagem. Status pode, dessa forma, ser especifico ou generalizado. status é um termo neutro. Posição é a gradação hierárquica de status.
A idéia de posição está ligada à de prestígio e poder.
O tamanho da escala hierárquica entre posições dependerá das estruturas de poder dentro de determinada cultura. Ex: As distâncias de posições entre os esquimós é pouca, já entre os youruba, que são uma sociedade complexa e organizada por classe, existem grandes distâncias sociais.
A vida em sociedade é o cumprimento de múltiplos papeis e funções. Um indivíduo age de maneiras diferentes quando está em família, ao trabalho, em sua tarefa voluntária.
Todos desempenham múltiplas funções que permanecem latentes, enquanto não as realizamos. Determinadas funções têm mais importância que outras, isso dependerá da sociedade em questão. Em algumas sociedades os homossexuais são muito importantes, sendo inclusive sagrados. Nessas sociedades eles têm um status de posição alta. Já na sociedade ocidental contemporânea, os homossexuais têm uma função pouco valorizada, discriminada, e até estigmatizada. Isso atribui a eles um status de posição inferior.
A idéia de que a posição do status está intimamente ligada à importância de determinada função dentro daquela sociedade, é importantíssima para a compreensão da Teoria Neo-Rastafariana, que pretende trazer a liberdade plena aos indivíduos.
A questão central é por que o ser humano busca prestigio e status?
Após muita reflexão eu tinha uma idéia nebulosa e pouco conexa, de que a vontade que o ser humano tinha de ascensão social, prestígio, etc. estava diretamente ligada à necessidade de conquista de parceiros sexuais.
Contudo reflexões posteriores me mostravam constantemente que o fator sexual era simples demais para ser o único motor da vontade humana.
O ser humano como ser social ele tem necessidade de sociabilizar-se, sem uma motivação definida, apenas pela sociabilidade. E quando certos símbolos e signos, certas funções são mais valorizadas do que outras, determinados comportamentos são mais facilmente aceitos e compreendidos na sociedade, e facilitam e ampliam as possibilidades de sociabilidades, atribuindo às pessoas que compartilham desses códigos um status de posição superior, esses serão os mais procurados por um maior número de pessoas, o que tem dois aspectos: 1º Reforçar a idéia de que tais status são os mais importantes e os que devem ser buscados.
2º Reforçar a idéia de que quanto mais afastado status estiver dos que são mais procurados, menos procurado ele deve ser, e menos valorizado ele será.
A idéia de que existem status de posições inferiores e superiores, está intimamente ligada a muitas atitudes que tomamos cotidianamente, sem reflexão. Por que passamos as roupas ao sair, se isso não é uma necessidade, só consome energia elétrica? Por que usamos roupas de determinada marca, e não roupa "de camelô"? Por que penteamos os cabelos? Todas essas atitudes são determinadas pela vontade de conseguir se inserir mais facilmente no processo de sociabilidade, e de não adquirir status de posição inferiores, de pessoa desleixada, mal vestida, despenteada, etc.
Um outro fator é importante notar. Estar à margem dos valores da sociedade, muitas vezes implica sofrimento, angústia, discriminação.
A introdução à Teoria do Neo-Rastafarianismo, propõe que, todo valor é compartilhado, se as pessoas me olham torto por que uso roupa amassada, brinco, cabelos em dread, e eu me incomodo com isso, é por que no fundo eu acho que estou errado de alguma forma, é por que eu quero estar inserido nessa sociedade, e quero que ela me aceite.
A introdução propõe, muito simplificadamente, ainda, que através de meditação, reflexões sobres os processos e mecanismos sociais, sobres os valores das sociedades, e sobres os valores que realmente interessam para a humanidade, e não os que são considerados importantes. O Budismo ensina que todo sofrimento não nasce da frustração pelo fato de não conseguirmos algo, nasce por que nós queremos algo, antes de saber se teremos ou não. É necessário trabalhar esse desejo, e com muita meditação e reflexão, que passar pelo exercício da paciência, da intelectualidade e muita disciplina. Controlar o desejo é fundamental para controlar o sofrimento pela frustração. Se não desejamos, não sofreremos por não conseguir.
O Neo-Rastafarianismo se baseia na auto-disciplina, para controlar os desejos e impulsos de consumir o supérfluo, e almejando o consumo apenas do necessário para a vida.
A Ganja, entra como elemento importante para o conforto mental, e para facilitar a meditação.
Bibliografia:
HOEBEL, Adamson E. & FROST, Everestt L. Antropologia Cultural e Social.
A Mente Seletiva. MILLER, Geoffrey
VELHO, Gilberto. Subjetividade e Sociedade. 1974
Fonte: http://www.afranio.blogger.com.br/2004_07_01_archive.html
--------------------------------------------------------------------------------
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário